sábado, 10 de outubro de 2009

Transporte cicloviário é algo possível!

Falando um pouco da trajetória de alguns movimentos pelo uso da bicicleta como meio de transporte, em substituição ao automóvel.

Bicicletas comunitárias (das bicicletas brancas aos sistemas de bicicletários nos países europeus)

A primeira vez que se colocou um programa de bicicletas comunitárias disponível ao público foi em 1966 (algumas fontes dizem 1964, outras 1969), quando algumas bicicletas “old dutch” femininas pintadas de branco foram deixadas soltas no Centro de Amsterdam para quem quisesse usá-las. A idéia do “happening” foi de Luud Schimmelpennink, que pretendia que elas passassem de mão em mão e que se tornassem uma opção comunitária de transporte. As bicicletas acabaram confiscadas pela polícia. Luud fez tentativas de institucionalizar o projeto com a prefeitura, mas ouviu um “a bicicleta está descartada; o futuro é do automóvel”. Foram realizadas outras tentativas, mas o resultado quase sempre terminava em roubo, como em Cambridge, Reino Unido, em 1975, onde todas desapareceram quase que instantaneamente.

No começo dos anos 2000 a idéia foi retomada em algumas cidades da Europa. Dois sistemas entraram em funcionamento, um na França e Espanha onde a bicicleta fica presa a um bicicletário e o usuário tem que estar inscrito no sistema, e outro na Alemanha onde não há bicicletário e as bicicletas ficam travadas na rua e são liberadas através do de um código.

O sistema francês foi testado com sucesso em Lion, em 1975, e tem em Paris o maior de todos os sistemas existentes com mais de 20.000 bicicletas disponíveis. Sevilha e Barcelona, Espanha tem um sistema com funcionamento muito parecido. O sucesso em Barcelona foi total e 3 meses depois de implantado levou às ruas 70.000 novos ciclistas. Em Paris, no seu primeiro mês de funcionamento havia 1 milhão de inscritos e filas para sair pedalando. As bicicletas tem desenho diferenciado para dificultar o roubo e só podem ser paradas nos bicicletários disponíveis, que estão em média a cada 300 metros. Para usar as bicicletas é necessário pagar uma taxa.

O sistema alemão usa bicicletas mais sofisticadas, com suspensão dianteira e traseira, e sistema de rastreamento por satélite. O modelo é um tanto pesado, mas agradável de usar. O interessante é o projeto do quadro não permite uma condução mais agressiva. A bicicleta pode ser parada em qualquer local, mas é inevitável que se use as duas travas, a ferradura de roda e o cabo para prender em qualquer local de onde a bicicleta não possa ser carregada.

O custo para o usuário de qualquer um destes sistemas é baixo se comparado a qualquer ou modo de transporte. A idéia continua sendo a mesma das bicicletas brancas: estimular o uso da bicicleta de forma a diminuir o uso do automóvel.


2 comentários:

Carlos Alkmin disse...

Interessante. Com este post, descobri que o sistema de bicicletas comunitárias nasceu no mesmo ano que eu.

Seria perfeito ter bikes em vários pontos de São Paulo para ir de um ponto a outro com rapidez ou para chegar a um terminal de transporte coletivo. Até temos os bicicletários da Porto Seguro, uma boa iniciativa, mas ainda limitados e um pouco burocráticos. Acabam mesmo tendo que ser. No Rio parece que já tem um sistema bem parecido com o Vélib de Paris, mas ainda muito restrito, o que acaba sendo mais para o uso como lazer.

Infelizmente as bicicletas pintadas de branco também ganharam um outro significado, simbolizando lugares onde ciclistas sucumbiram ao trânsito violento e tentando alertar para a fragilidade a que os ciclistas estão expostos. São as "Ghost Bikes". Vejam um exemplo:
http://www.flickr.com/photos/carlosalk/3203189157/

Abraço,

Anônimo disse...

Legal o post, leia um pouco mais sobre a revolução: http://ciclistaurbanocwb.wordpress.com/2009/03/15/provokatie/